São Domingos



"Ser-vos-ei mais útil e proveitoso depois da morte do que fui em vida". Foram estas as últimas palavras com que Domingos de Gusmão se despediu dos seus irmãos naquela tarde do dia seis de Agosto do ano de 1221. Pouco antes tinha-lhes entregue o seu testamento espiritual numa simples frase: "Tende caridade, guardai a humildade, possuí a pobreza". Dava em herança o que tinha vivido: o amor por todos, a humildade da sua vida, a pobreza que o acompanhava. Tinha nascido há cinquenta e dois anos, em Caleruega, uma pequena aldeia da província de Burgos.


Descrevo apenas dois ou três episódios em que podemos ver o grau de santidade deste Homem de Deus.

1. Palência, 1184. Com catorze anos vai estudar para Palência. Aí dá-se conta, talvez pela primeira vez, do sofrimento dos mais necessitados. Conta-se que um dia desfez-se dos seus livros (pergaminhos). Para quê? para os vender e distribuir o dinheiro pelos pobres. Dizia: "Não posso estudar em peles mortas enquanto há peles vivas a passar necessidade".




2. Toulouse 1204. Já padre e subprior da Catedral de Osma, vai com o seu bispo, numa comitiva, até à Dinamarca. Fazem uma paragem em Toulouse. Apercebe-se do catarismo, uma heresia muito difundida. E, ficou toda a noite a falar com o dono da estalagem, também ele herege, e conseguiu convertê-lo. Foi aqui que nasceu o sonho da Ordem dos Pregadores: Padres que pregassem o Evangelho e combatessem a heresia, não pela espada ou pela fogueira mas pela coerência de vida.



3. Toulouse, 1217. O Papa Honório III tinha aprovado a Ordem dos Pregadores. Domingos, regressa a Toulouse. Domingos decide dispersar os dezasseis frades que tinha com ele. Estes não compreendem esta atitude. São Domingos explica: "Deixem-me trabalhar; sei bem o que faço. O trigo junto apodrece; espalhado, frutifica". Esta dispersão aconteceu no dia 15 de Agosto, dia que ficou conhecido como o Pentecostes dominicano.


São bastante conhecidos e até divulgados os nove modos de orar de São Domingos. Era uma homem de oração. O seu sucessor, Beato Jordão de Saxónia, dizia de São Domingos que, "durante a noite ninguém tão assíduo como ele nas vigílias e na oração. O dia dedicava-o ao próximo, a noite a Deus. Com muita frequência chorava abundantemente. De dia, quando celebrava a Missa; de noite, quando se entregava mais que ninguém às incansáveis vigílias".


São Domingos ficou conhecido como o homem que "só falava com Deus ou de Deus".

Morreu em Bolonha, no dia 6 de Agosto do ano de 1221. Há 788 anos.

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