O pilar de Deus


Foi com este sub-título que uma jornalista do Público escreveu hoje no P2 sobre um monumento antigo e nobre da Síria: a basílica de São Simeão. Já ontem tinha feito uma reportagem sobre um antigo mosteiro do século VI "Deir Mar Musa": Mosteiro de São Moisés (http://www.deirmarmusa.org/). Mas hoje este 'pilar de Deus' fez-me pensar numa espiritualidade dos Padres do deserto muito ligada à solidão e ao sofrimento. O Pilar de Deus, São Simeão foi um homem que viveu na Síria, no século V. Uma vida de abnegação e martírio, como descreve a jornalista, este homem de Deus passou a vida a arranjar maneira de se macerar: desde se enterrar até ao peito e sofrer o calor e o frio, passando por uma corda que colocou à cintura e que, de tão apertada que estava, cravou-se na carne e quando o abade deu conta estava podre e criava larvas. Expulso do mosteiro enfiou-se num poço seco onde convivia com cobras e escorpiões. Ele é o pilar de Deus porque dos 33 anos até aos 70 foi viver em cima de um pilar, ou seja, construiu um pilar de 28 metros e desde o píncaro do pilar pregava e passou os últimos 37 anos da sua vida e onde acabou por morrer.

Sofrimento provocado. Tenho uma amiga que me diz, quando falamos de sofrimento, que já basta o sofrimento que nos aparece, não vale a pena arranjar mais. Não posso estar mais de acordo. Já Deus dizia isso pelo salmista: "Sacrifício agradável a Deus é um espírito arrependido". E quem não sofre una-se ao sofrimento do outro. Assim já não será um só a sofrer mas dois que se unem neste mistério escuro e obrigatório da existência humana. Sabendo sofrer e sofrendo com, pode-se ser também um pilar de Deus.

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