Ponto de situação


Antes mais, quero aqui escrever que estou a ouvir uma antologia musical. Acho o conceito interessante: ouvir os gostos musicais de pessoas conhecidas, amigos... Já conhecia a versão poética, eu próprio tenho a minha... mas esta deixa-me surpreendido, mesmo não que estes não sejam os meus estilos musicais. É bom estar aberto a outros ritmos e até às tendências modernas.
Entretanto vou fazendo um ponto de situação. Os últimos dias têm sido um misto de cansaço e descanso. Por um lado a agenda vazia, como um barco desamarrado do cais e, por outro, coisas que nos acontecem, telefonemas, emails, problemas, pensar no que nos acontece...
Mas têm sido dias eufóricos. No domingo foi ordenado um frade da minha Comunidade. E, embora o meu empenho tenha ficado aquém do que eu próprio tinha planeado, a obrigação do cargo que ocupo não me permite ausências, silêncios nem desatenções. A cerimónia da ordenação foi muito demorada, demasiado para mim, mas é sempre emotiva porque imaginei que há seis anos atrás era eu quem lá estava de joelhos a receber a imposição das mãos dos bispos e dos padres. Ser ordenado padre - digo a cerimónia em si - é das coisas mais bonitas e emotivas na vida de um padre, mesmo quando depois vemos que poderia ser mais ritmada.
O jantar da festa foi muito familiar. A Comunidade, a mãe do novo padre e alguns amigos. A Comunidade ofereceu-lhe a casula da Missa Nova que será rezada no próximo Domingo.
Na segunda-feira, dia calmo para mim. De assinalar a Primeira Missa do fr. Vasyl, com algum nervosismo, como é de adivinhar.
A terça-feira foi dia de praia. Com amigos na sempre bela Fonte da Telha. Passar o dia na praia, passear à beira-mar - desta vez acompanhado - falar da vida, partilhar preocupações e deixar correr a conversa. Era dia de São Pedro e celebrámos lá Missa. O fr. Vasyl presidiu, eu fiz uma breve homilia. Há vários anos que passo este dia na praia. Gosto de pensar que o encontro de Pedro com Jesus foi nas margens do mar, que Jesus Ressuscitado apareceu a Pedro numa manhã de pesca... Faz-me pensar na vida, na barca, no mar, no trabalho e até na vocação (curiosamente a música que agora passa fala de barcos à espera e areias de outras margens...).
E ontem, quarta-feira, a habitual visita aos doentes. Impressiona a luta dos doentes com doenças mais complicadas, que querem um voltar atrás, aos tempos em que se andava, se tinha cabelo e se era mais feliz. Compreende-se. Lutar pela vida além de instintivo é também muito humano.
E este é o meu ponto de situação. Coisas banais que, certamente, se não fossem pelo prazer da partilha, teriam sido insignificantes. Há, no entanto, a emoção por detrás destas e de outras coisas que os blogues ainda não conseguem transmitir. Ficam no pensamento e no coração de quem as escreve.

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