Deus ajuda quem madruga


Seis da manhã, toca o relógio. Dois minutos depois toca o sino a Trindades. Começam a ouvir-se os guizos das vacas. Vêm 'junguidas'. Vão para a arranca da batata. O pai, velho, e o irmão; a filha, o genro e três netos. Lá vão eles, estrada fora, com o mata bicho tomado, para perto do Penedo Gordo onde, dias antes, conseguiram que o fogo não lhes chegasse às terras onde tinham as batatas e o milho. Por lá estiveram todo o dia. Ao final da manhã veio a única mulher da família, com o seu filho mais novo, para fazer o almoço e levarem-no ao local do trabalho. Continuou o trabalho tarde fora e eis que chegam agora, extenuados, perto das oito da noite, uns à frente dos outros. Á frente, por um atalho, a mulher, outra vez com o filho mais novo para adiantar o jantar; pela estrada o pai com o irmão para se irem lavando; e, a terminar a procissão, ouve-se o chiar do carro. As vacas no seu passo vagaroso, cansadas ou moles, nunca o saberemos, e o condutor a tocá-las para que se apressem.
Passam poucos minutos das nove horas da noite. O sino volta a tocar a Trindades. Em casa, com jantar quase pronto, o velho pai, entoa as orações de sempre nesta hora da noite. Também não saberemos o que lhes passa na cabeça. Não sabemos se rezam por rotina, por devoção ou por outro motivo. Uma coisa, sim, sabemos: Deus ajuda quem madruga.

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