2011: agendas, datas e acontecimentos


Para alguns estar em Setembro a falar de 2011 é ainda uma realidade distante. Para mim, já desde Julho que, num calendário improvisado, ia assentando as datas que me iam pedindo para celebrações, casamentos, Missas, conferências, reuniões... Mas só hoje as passei para a agenda. Ao som de Bach, que dá ainda um ar mais 'trágico' (Bach nunca é trágico mesmo quando é trágico). As trombetas, o órgão possante e o coro como que a dizer-me: e se não chegares lá? E se não conseguires fazer?... Ainda funciono à moda antiga: uma agenda de papel, pequena, cómoda, com a indicação dos santos para me orientar e eles me orientarem a mim. Ainda não funciono com agendas electrónicas nem com calendários interactivos. Não tem nada de transcendente ocupar os dias com o que é regular e com o que é extraordinário. Graças a Deus ainda não sofro de rotinas embora elas sejam positivas - no meu ponto de vista - porque organizam o tempo que, sem o relógio a marcar os segundos, e em o corpo a reagir aos estímulos das necessidades quotidianos, poderia ser um verdadeiro caos. Escrever na agenda as várias coisas implica o assentimento. A algumas coisas dizemos que sim porque nos motivam, a outras dizemos que sim mas esperamos que o tempo nos ajude a aceitar com a mente e com o coração o sim que dissemos com os lábios.
A agenda é uma das minhas companheiras quase diária. É a minha secretária. Sabe toda a minha vida, ajuda-me a dizer que sim ou que já não ou a mudar porque estou ocupado, avisa-me onde tenho de ir e a que horas tenho de estar, condiciona o que mais me apeteceria fazer.
Mas não sabe o mais importante: se cheguei atrasado, se acabei por não ir, o que senti, o que disse ou calei. Pobre agenda que que não consegue entrar nos sentimentos de quem vive os seus dias!
2011 pertence ao futuro. A um futuro que ainda dorme. Que não se conhece porque, quando acordar, já será presente.
"Aguardo, equânime, o que não conheço —
Meu futuro e o de tudo.
No fim tudo será silêncio, salvo
Onde o mar banhar nada
" (Ricardo Reis).

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