A segunda oportunidade

"A compaixão é que nos torna verdadeiramente humanos e impede que nos transformemos em pedra" (Anatole France).
Entre a Lei e a Norma. A cabeça e o coração. Duas maneiras de agir. Se a decisão passa só pela cabeça, somos inflexíveis; se passa só pelo coração, somos moles; se passam pelos dois lados podemos ser racionalmente compassivos.
Não entendo compaixão como "pena de" embora, por vezes, seja a pena que nos leve à compaixão. Forte tensão entre a segunda oportunidade e a oportunidade sempre. Onde se situar? Terá limites a compaixão? Será insensível, cega, surda? Será excessiva pemissividade?
Comparo dois quadros: o da mulher de Lot que, por desobedecer a uma ordem dos anjos, foi transformada numa estátua de sal e o do filho pródigo, o pai que dá a mão ao filho que errou.
Oportunidades são responsabilidades, escreveu Alfred Montapert. Dar uma nova oportunidade é renovar a responsabilidade. Mesmo que seja ilusão e que nada mude, vai mudando o nosso coração.

(Guercino, O regresso do Filho pródigo, 1619)

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