Recenseamento

Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra. Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino governador da Síria. Todos iam recensear-se, cada qual à sua própria cidade. Também José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linhagem de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida.” Lucas 2, 1-5
É o único quadro que conheço sobre este episódio do recenseamento de Belém, narrado no princípio do capítulo dois do Evangelho de Lucas, que aparece como introdução ao nascimento de Jesus. Além disso, já o vi na minha ida a Bruxelas. Bruegel tem esta arte de, a partir de um acontecimento, relatar também o seu contexto. Bruegel não é directo. Ao olhar para este quadro a nossas atenções vão para um grupo de gente que está perto da casa dos recenseamentos: pagam o imposto e fazem o recenseamento. Mas não é aí que estão José e Maria. Estão mesmo no meio, desapercebidos, como mais uns que se vão recensear. Mas o quadro não de fica por aqui: vejam no canto inferior direito como as crianças brincam no gelo, ou como no canto oposto se mata o porco... ou ainda em cima como se trabalha arrastando lenha ou carregando-a às costas... são pormenores... No entanto, este evangelho diz-nos duas coisas muito importantes: a primeira é a de que não há acasos: o recenseamento foi o motivo que levou a José e Maria deslocarem-se a Belém e aí nascer Jesus, porque Belém é a cidade profetizada de onde iria surgir o Messias; a segunda é a de que os milagres nascem do quotidiano.
Maria e José chegaram a Belém. E nós? Por onde andamos perdidos?
(Bruegel, O recenseamento de Belém, 1566)

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