Ressaca eleitoral

(Aviso prévio: este post não é um retalho da vida de um padre...)


No livro de Qohélet, um desencantado do mundo, e que acha que tudo é monotonia, vaidade ou ilusão, chega-se rapidamente a esta conclusão: Não há nada de novo debaixo do Sol! Foi o que pensei ontem quando ouvia o resultado das nossas eleições. Não me considerando tão pessimista como o Qohélet, concluo como ele que o que foi voltará a ser. Um déjà vu. Sem novidade e com muita monotonia. Aliás, é pena que Cavaco Silva só tenha energia nas campanhas eleitorais para andar de trás para a frente, ir para cima dos carros e só comentar o que lhe interessa... Não fique o leitor a pensar que sou de esquerdas... o que é isso hoje em dia? Por isso, não estou contente pela "vitória" de Cavaco, como não estou contente com a senhora Abstenção que nunca se candidata mas que ganha sempre (como é que alguém pode dizer que é presidente de um país quando mais de metade desse país não se sente representada por esse alguém), e não estou triste com a derrota de todos os outros. Mas tenho pena de que não se pare para perceber que não foi o frio ou as falhas técnicas que aumentaram a abstenção. E tenho pena, também, que os políticos se venham lamentar que existe um desencanto para com a política e não se perguntem porquê... Tenho pena, sobretudo, de nos boletins de voto não aparecer, no final de todos os candidatos, um quadrado com "outros". Talvez esse fosse o grande vencedor. Eu, pelo menos, era aí que fazia a minha cruz.

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