Um Herodes convertido

Esta semana ando a celebrar nos vários colégios as Missas de Natal. Há pessoas que perguntam: agora? e a resposta é óbvia: sim, agora. Antes do Natal foi Advento... e cada coisa tem o seu tempo. Celebrar uma Missa de Natal em tempo de Advento é a mesma coisa que casar antes do noivado... fora de contexto. Apesar dos jantares de Natal serem feitos no Advento (nós, os da Europa ocidental, perdemos a bela tradição que os países nórdicos têm de diferenciar o Advento do Natal), estas escolas católicas entendem que é ambiente de Natal, mesmo já mais arrefecido, que a comunidade educativa deve celebrar este acontecimento religioso. Hoje celebrei Missa para crianças do 3º e 4º ano do 1º ciclo. Estamos a falar de crianças de 9-10 anos. Prepararam a Eucaristia e representaram o Evangelho, o do Reis Magos, ao pomenor: os três reis com coroas e as prendas, a estrela com um fato azul, o rei Herodes com a sua coroa e o seu manto, e o presépio lá estava com uma vela a iluminar.
E é espantoso como as crianças sabem interpretar este episódio: o porquê de serem de raças e idades diferentes, o porquê de Herodes querer Matar Jesus, a simbologia das prendas...
Mas o engraçado foi que, na altura da comunhão, depois dos magos virem comungar, aproxima-se o Herodes, de mãos estendidas, para receber a comunhão! Sorri e pensei: até o Herodes se converteu e já comunga!
Para os que quiserem aprofundar este tema dos reis Magos, indico um livro do século XVI, escrito por um monge carmelita, que constrói a vida dos Magos. Apesar da muita capacidade inventiva deste monge, vale a pena porque aqui encontramos algumas tradições que nos são conhecidas. Está traduzido em português, com belas imagens dos Magos ao longo da História da Arte.

(Imagem: pormenor do quadro "Procissão do Rei mais novo", de Benozzo Gozzoli, 1460 )

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