Texto atrasado

Este é um texto que deveria ter sido publicado no domingo ou segunda-feira. Não é que o texto já estivesse escrito; mas as ideias já estavam na cabeça, mesmo que o tema não seja muito interessante.
Tempo de férias para os padres também. Todos gostamos de um mês de férias, mesmo estando desempregado ou não fazendo nada na vida. Parece um impulso que dispara depois da Páscoa, quando começamos a pensar se há férias ou não, se vão ser aqui ou ali, no norte ou no sul, dentro ou fora, sozinhos ou acompanhados, com muito ou pouco dinheiro. E este impulso afecta a quase todos mesmo para os que não têm terra para onde ir, dinheiro para gastar, companhia para acompanhar. Um mês é o ideal. Mas, hoje em dia, poucos são os padres que se podem dar ao luxo de tirar um mês de férias. A igreja não pode ficar fechada, o cartório tem que funcionar mesmo que não seja a pleno, e temos de pensar naquelas pessoas para quem fazer férias é levar a vida como sempre a levaram. Conclusão: como a igreja não é uma empresa em que se possa colocar um aviso "Fechada para descanso do pessoal", e porque os padres têm direito a descansar como qualquer mortal, se quer sair tem de arranjar substituto. Uns têm mais sorte porque têm contactos amigos de padres que assumem as suas tarefas, enquanto outros terão que andar a mendigar, convento aqui, padre ali, a ver se algum lhe assegura o mínimo de celebrações.
Não sei se é o caso do pároco que vou substituir neste verão. Desde o domingo passado e até meados de Setembro vou substituir o pároco da minha paróquia de crescimento (Marvila). Não é que o sr. padre vá três meses de férias. Não. Nem me vou mudar para lá. Também não. Irei alguns domingos, como fui na semana passada e irei na próxima e depois mais alguns espalhados pelos próximos meses.
Ser pároco nunca foi o meu desejo nem acho que tenha muita vocação para isso. Uma coisa é ir a uma paróquia fazer algumas celebrações, outra é o contacto diário e quase permanente com pessoas, problemas, obras, manutenções, finanças, etc. etc. Honra seja dada aqui aos párocos, que asseguram esta grande máquina que é a fábrica da igreja. Mas gosto de sentir o pulsar de uma comunidade paroquial.No fim-de-semana passado tudo me aconteceu. O pároco tinha-me pedido que celebrasse as duas missas dominicais (uma no sábado e outra no domingo). Algum tempo depois, pede-me que assista a um casamento (termo próprio para ao padre. O padre "assiste" (está presente) ao casamento uma vez que quem "preside" são os próprios noivos, uma vez que são eles os ministros do sacramento). E eu lá disse que sim, que lá iria. O casamento lá se realizou, com um atraso de uma hora!, com o cúmulo de termos de estar todos à espera dos padrinhos do noivo que se tinham perdido. Todos dirão, é normal, mas gostava de ver quem é que estaria à espera uma hora do padre num dia em que ele se atrasasse... Casamento ao meio-dia, Missa vespertina às 18h, regresso ao convento e lá vem uma mensagem do pároco a informar-me que tinha morrido o marido de uma paroquiana que eu conhecia e se poderia rezar a Missa de corpo presente no domingo, antes da missa da paróquia. Claro que disse sim porque dizer não não adiantaria. Afinal estava a substituir. E lá fui eu, manhã cedo de domingo, celebrar a Missa de defuntos com a respectiva encomendação porque, disse-me a viúva, não sei se o padre de lá faz o funeral e, se puder, deixe-mo já despachadinho. Regresso novamente ao convento onde tenho a minha Missa habitual do meio-dia e, ao final da tarde, a quarta missa do domingo (só me costuma acontecer celebrar quatro missas uma vez no ano e, este ano já é a segunda), que entretanto se interrompe nos meses de verão.
O elogio aqui é para ser feito aos párocos. O que me acontece por casualidade num domingo, aos párocos acontece com muita frequência. Daí que muitos planos podem ficar mesmo só nos planos porque tem que contar sempre com o inesperado. Com o inesperado ou com alguém que o substitua para os planos se poderem realizar.
Enquanto esperava pelos noivos do casamento tirei fotografias a três imagens que estão no coro baixo da igreja e que ilustram este post: Nossa Senhora, são Francisco, são Tomás de Aquino e são Pedro de Alcântara (Espanha). A qualidade não é a melhor... mas dá para apreciar.












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