Vidas paralelas I

Neste mosteiro há uma linha (parede, grade) que divide dois tipos de vida: os que vivemos para cá da linha e as que vivem para lá da linha.
À outra banda chama-se clausura; a esta banda, hospedaria.
A clausura está fechada e vedada a quem não faz parte do grupo, e só se quebra por razões de verdadeira necessidade: alguma avaria que justifique a entrada de alguém, a visita a uma irmã doente por parte do médico ou do padre. Tirando isso, mais ninguém passa, nem mesmo familiares ou amigos. Para isso há a hospedaria, os locutórios (sala separada por uma grade para conversação com as irmãs), ou a roda (sistema de passagem das coisas da rua para o mosteiro).
Ao princípio acha-se estranho. Haver sempre alguma coisa que separe, mas depois habituamo-nos à ideia. A própria natureza do mosteiro quase nos obriga a viver do mesmo modo que as monjas excepto numa coisa: do nosso lado está a porta da rua, que se pode usar livremente. É o que tenho feito. Afinal, nem sou, nem estou na clausura.

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