Á espera da chuva

Estive todo o dia à espera da chuva.
Promessas de que o tempo ia mudar, as temperaturas iam baixar e que até podia começar a chover nesta tarde. Mas não. Parece que o dia andou a brincar connosco. Ora vinham nuvens ora vinha sol. Olhava para o céu e pensava: é desta. E não. Lá vinha um raio de sol que estragava tudo.
Estou farto do verão. Estamos a terminar o mês e ainda nada de frio e chuva. Qualquer dia deixamos ter o "verão de São Martinho" para passarmos a ter verão até ao São Martinho!
Mas durante este dia, muito caseiro, devo dizer, pensei bastante nos dias cinzentos. Não os dias metereológicos mas os dias em que só vemos cinzento na nossa vida. Não me refiro a mim, pessoalmente; apesar de algum cizento claro, inato, não costumo sofrer de daltonismo psicológico ou espiritual, mas tenho vindo a reparar que, às vezes, as pessoas carregam no cinzento da vida. Não nego que a vida, para muitos, esteja pintada em tons de cinzento ou até mesmo a preto, mas, algumas vezes exageramos na tonalidade. E custa-nos ver que, afinal, o cinzento é uma cor de passagem, que vem do preto e vai para o branco, onde a luz triunfa e outras cores podem aparecer. Uma vida sem cor é uma meia-vida.
E aqui continuo eu, de janela aberta, à espera da chuva para limpar a poeira do ar e das plantas e trazer-me o cheiro da terra molhada. Mas acho que já não virá hoje, apesar das nuvens cinzentas, misturadas com uns raios de sol do entardecer.

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