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A mostrar mensagens de 2013

Um bom ano

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A todos os que por aqui passaram em 2013, aos que conheci e com quem convivi, aqueles que cuidei e aos que cuidaram de mim, lembrando os que a morte levou ou o destino afastou, desejo um bom ano de 2014. Que o Menino Jesus fortaleça as nossas vidas e nos ensine a fraternidade para alcançarmos a paz. 

O valor da família

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No domingo depois do Natal, a Igreja celebra o Domingo da Sagrada Família. A família é a base da sociedade; Jesus nasceu no seio de um família. Foi amado e protegido. O Evangelho fala-nos de um episódio difícil da família de Nazaré: a fuga para o Egipto. Hoje, talvez nos queixemos da falta de valorização da família por parte dos Estados, hoje vemos famílias separadas pelo fenómeno da emigração forçada ou famílias que, por qualquer motivo se têm de refugiar noutros países, mas isso não nos deve levar ao desânimo nem à falta de investimento na nossa família, com as suas complexidades, problemas e também alegrias. Que a família cristã seja o lugar quente de acolhimento e de amor é o melhor testemunho que poderá dar ao mundo. Bom domingo!

A todos um bom Natal, com Jesus!

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Olho para ti, meu Menino, calor da noite fria, luz da humana agonia, estrela da minha alegria que nesta noite me faz cantar. Olho para ti, meu Menino, e vejo-me no teu olhar: espelho de esperança, um olhar de criança que quero conquistar. Olho para ti, meu Menino, e quero-te abraçar. Para quê? No presépio és barro ou plástico, que nos faz lembrar a história que só tu sabes contar. Abraça-me tu a mim para que eu possa sentir, enfim, a ternura a transbordar. Olho para ti, meu Menino, e faço este pedido: que não te seja eu esquecido e que sempre te saiba amar.

Ir dizendo sim

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A nossa caminha do Advento está a terminar. Neste quarto domingo do Advento iremos escutar o anúncio do nascimento de Jesus que, no Evangelho de Mateus, é feito a São José e não a Nossa Senhora. Mas a resposta de José, embora silenciosa («José despertou do sono e fez como o Anjo lhe ordenara») não deixa de ser igualmente um sim. Porque na Bíblia, e também na nossa vida, o verdadeiro sim nasce no coração e exprime-se na acção. Ao terminar a nossa caminhada de Advento, temos já todos os "actores" do presépio: Isaías, João Baptista, José, Maria... o Menino está também a chegar. Daremos o nosso sim para que a Palavra se faça carne na nossa carne? Bom domingo e Feliz Natal!

Parabéns, Papa Francisco!

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Duas crianças

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Era criança e cuidaste de mim. Esta é, Senhor, a bem-aventurança dos pequeninos. Não escrita mas talvez dita porque das crianças e dos que são como elas é o Reino dos céus. Um olhar, um sorriso, um choro ou uma tristeza um colo que nos é pedido ou um abraço de ternura são o calor humano e a proximidade cristã possível e presente de um amor esquecido mas que em nós se pressente. Foste criança e cuidei de ti. Cuida tu também de mim. Dá um sorriso ao meu rosto inocência ao meu coração à minha vida a ilusão de que tudo pode ser diferente novo e ardente. Sou também uma criança brinca comigo e sentirei a tua alegria e a tua paz.

Morrer lentamente

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Morrer lentamente, como quem se desamarra de um cais e deixa o barco da vida ir ao sabor do vento e do mar. E sem olhar para trás seguir confiante num futuro para além do medo, das lágrimas e do escuro. Morrer lentamente como quem descarrega um peso termina uma dança ou a coda de uma canção. De viagem em viagem, de canção em canção, ou até de dança em dança de olhos postos num futuro morre-se lentamente a sonhar. (imagem: Cristian Krohg, Olhando para trás, 1889)

A Quem esperamos?

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Estamos a celebrar o III Domingo do Advento. Na liturgia chama-se a este domingo o domingo " Gaudete ", que em português significa "Alegrai-vos!". No Evangelho de Domingo aparece-nos a segunda personagem do Advento: João Baptista. João que, na prisão, tem dúvidas se Jesus será mesmo o Messsias: "És tu ou temos que esperar outro?". A esperança reveste-se sempre de alegria e nunca de desânimo. E, em tempo de Advento, precisamos de ler os sinais da presença  de Jesus. Hoje, João faz-nos a pergunta a cada um de nós: És tu que anuncias o Evangelho da alegria e da esperança, ou temos de esperar outro? Deus serve-se de nós. Somos nós, hoje, os que apontamos para Jesus, porque o reconhecemos como Messias. Que a caminhada de Advento não seja vivida na escuridão nem na tristeza mas, cada um de nós, dê razões da sua esperança e da sua alegria. Bom domingo!

Tá tudo bem com você?

Tenho recebido alguns mails a estranharem a minha ausência por este blogue. Pois é, se me conhecessem já teriam percebido que quando ando muito atrapalhado de trabalho o blogue é quem se vai ressentir. O blogue e as respostas aos mails. Mas, respondendo a uma pergunta que me parece ter vindo do Brasil, respondo: sim, tá tudo legal. Ou seja,  a acumulação de cargos faz com que, estando aparentemente mais por casa não tenho estado em casa. Agora tive vinte minutos para vir aqui dizer olá, está tudo bem. Mas, graças a Deus as experiências dos últimos dias são boas. Dão trabalho e cansam, mas são boas. E, pronto, estão-se a esgotar os vinte minutos. Agora jantar e Celebração penitencial. Ciao!

Contrastes entre Eva e Maria

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Hoje, ao mesmo tempo que celebramos o II Domingo do Advento, lembramos uma festa importante do calendário da Igreja: a Imaculada Conceição. Esta celebração diz-nos que Maria, ao contrário do resto da humanidade, por ter sido escolhida para ser mãe de Jesus, foi preservada da "mancha do pecado original". Que quer isto dizer? Quer dizer que todos nós, por fragilidade, vamos cometendo este "pecado original" que, como se lê no livro do Génesis, é a desobediência a Deus. Ora, Maria, no relato que iremos escutar, é aquela que obedece, que diz sim, que se põe ao serviço de Deus. Grandes contrastes entre Eva (a humanidade) e Maria. A vida de Maria diz-nos que é possível dizer sim a Deus no quotidiano da nossa vida. Bom domingo!

Partilhas

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À segunda-feira, no convento temos o dia comunitário. Se bem que todos os dias devem ser comunitários, este acaba por ser um dia mais festivo: Missa comunitária, jantar e, quando é necessária, reunião da comunidade. Para dar um ar de festa, normalmente há um doce ou um bolo como sobremesa de jantar. Mas hoje, por motivos vários, não houve bolo. Ao jantar havia um bolo na bancada com um bilhete que tinha escrito o seguinte: " Queridos irmãos, hoje celebro o dom da vida e senti a necessidade de partilhar convosco a alegria de pertencer a esta comunidade ". É bom sentirmos a amizade e a proximidade das pessoas que, de certa maneira, partilham a vida connosco. Que Deus abençoe esta nossa amiga os nossos amigos que gostam de partilhar a sua vida connosco.

As Missas de sábado

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Só um breve apontamento sobre a Missa vespertina que começo no convento no sábado passado. Ultrapassando as expectativas, uniram-se forças e vontades e arrancámos. O grupo "Animar" animou a Missa, "com muita alma", presidi eu e o fr. José Nunes concelebrou e pregou. Seremos os dois a assumir esta missa e esta missão que fará parte da Pastoral Juvenil e universitária dos dominicanos. Que Deus e nós levemos a bom termo esta iniciativa.

O apelo à vigilância

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Começamos hoje a celebrar um ano novo e um tempo novo. Com o primeiro domingo do Advento começamos a preparar o nosso coração para acolher Jesus Cristo, sempre mais e com alegria renovada, nas nossas vidas. O Evangelho deste domingo fala-nos da "parusia", a segunda vinda de Cristo. Mas o importante do Evangelho é o apelo de Jesus à vigilância: Vigiai! O Advento pede-nos para não adormecermos na nossa fé nem na prática das boas obras, que são já antecipação do Reino de Deus em nós. Que quando o Senhor vier não nos encontre adormecidos mas empenhados na vida da Igreja e na vida do mundo. Bom domingo!

O que cabe numa homilia

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O que é uma homilia? Para uns será o discurso da Missa, para outros uma seca e, para outros ainda, um momento empolgante da celebração da Missa. É normal que muitas pessoas procurem um padre cuja homilia lhes agrade. Não é o mesmo que ir à Missa por causa do padre mas, verdade seja dita, lemos livros que gostamos, vamos a sítios que esperamos gostar, e é normal que procuremos celebrações onde a palavra seja de acolhimento e envolvimento. Para o padre a homilia é uma preocupação. Não é um tratado bíblico ou espiritual, não são derivações nem devaneios e. muito menos, o que é que ele acha sobre este ou aquele assunto. A homilia, para o padre, deve ser o equilíbrio entre o que a Palavra de Deus diz e a actualidade também. O P. Lacordaire dizia que o pregador é o que prega com a Bíblia numa mão e o jornal na outra. Porque, se lemos a Bíblia na celebração da Missa, é para que ela seja actualizada na nossa vida e não fique no "naquele tempo". Que me diz hoje o Evangelho? Com

O caminho da obediência

A minha pergunta não é o que quero de mim mas o que Deus quer de mim. Tentar não confundir as vontades e os desejos, não sobrepor por meus planos aos do Criador. Que quer obedecer não se preocupa com o que quer fazer mas com o que é preciso fazer. Um esforço, uma tentação, uma preocupação. Aprendemos na vida religiosa o sentido da obediência: disponibilidade para o serviço. Rezada e dialogada, a obediência torna-se a resposta a uma voz, a um pedido. Aprendemos também que a voz de Deus tem mediações. O discernimento não passa só por mim. Está a Igreja, estão os superiores, está a comunidade, está o irmão. E ouvimos o que se nos pede. Nem sempre é o que pensámos ou quisemos mas na obediência nao é a minha vontade, é o "faça-se a Tua vontade" de Jesus e de Maria. A obediência torna-se um caminho de conversão. Ao longo da vida agarramos umas coisas, largamos outras, Acumulamos ainda outras, vamos fazendo como podemos e sabemos embora o id

Viver o presente

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O Evangelho deste domingo coloca-nos já no espírito do final do ano litúrgico. Ao mesmo tempo, a passagem proclamada também nos relata as últimas reacções de Jesus antes dos acontecimentos finais da sua vida. É um apelo de Jesus à confiança e à perseverança. Duas atitudes que o cristão deve viver no seu dia-a-dia, porque o mundo em que vivemos traz-nos inseguranças e incertezas. O desafio é viver o presente de olhos postos no futuro (a vinda definitiva do Reino de Deus)  com esperança, alegria e perseverança. Bom domingo!

Santo Alberto Magno, sede de conhecimento

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  A Igreja celebra hoje, e nós, dominicanos, com mais festa e alegria, Santo Alberto Magno. No convento onde agora me encontro, perto da cela de São Domingos, está um quadro com a relação dos frades que aqui viveram e honraram com a sua via este convento. Um deles é Santo Alberto. Mas ele honrou não só este convento de Santa Sabina mas toda a Ordem. Homem simples, dizem as crónicas, de grande ciência, a partir da teologia, abarcou muitas áreas do saber. Sempre com grande humildade. Foi professor de São Tomás de Aquino, e de muitos outros, até o fizeram bispo - o Mestre da Ordem do seu tempo escreveu-lhe uma carta a dizer que o preferia ver morto que bispo (naquele tempo o bispo tinha uma força mais política que espiritual - e, ao fim de dois anos, com a mesma humildade que aceitou o bispado, resignou voluntariamente para voltar à vida conventual e de estudo que tanto amava. O Evangelho escolhido para Missa de São Domingos é a parábola dos talentos. Só assim se pode perceber o

Só me faltava o latim!

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Aqui por Roma, continuam os trabalhos da Comissão Litúrgica. Alguns frades perguntam-nos como comunicamos entre nós. Pergunta pertinente porque não vivemos na era "pré-Babel" em que os humanos daquele tempo falavam todos a mesma língua. Aqui, nas sessões da manhã, temos a ajuda de uma tradutora. Estava contratada para traduzir do francês para o inglês mas a coitada tem de desdobrar-se em traduções: na maior parte da vezes tem que verter para o inglês; no entanto, pode traduzir do francês, do italiano e até do espanhol (sou só eu que falo em espanhol). À tarde não temos tradução. reunimo-nos em dois grupos para trabalhos técnicos. Nas outras sessões eu estive na parte da música. Mais divertida, com os novos membros como eu... mas desta vez mandaram-me para a comissão principal e mais técnica: revisão das traduções do Missal da Ordem (ontem foi a italiana), resposta a perguntas que nos fazem e elaboração dos textos litúrgicos dos novos santos ou beatos, que foi o que nos

Ancora una volta a Roma

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Mais uma vez em Roma. E, pela primeira vez, que me lembra, Roma cinzenta. Muito vento - dizem que é um ciclone - com promessa de chuva para os próximos dias. E também pela primeira vez, comigo, a TAP cumpriu horários! Não há nada melhor que as coisas acontecerem na hora certa: check-in, entrada de passageiros, descolar, voo, aterragm, recolha de bagagem... tudo no seu timing. Hoje, no voo, até tivemos brinde... ou fava, conforme a perspectiva: o ex-ministro das finanças também lá ia, em executiva, claro, que a crise só chega ao bolso de alguns. Houve até quem avisase o da cadeira do lado: cuidado com a carteira que o ex-ministro vem aqui... Mas Roma é Roma. Tenho sempre resistências nos dias antes das viagens mas depois, quando chego, sinto-me bem. Uns dias de reunião, questões litúrgicas, e regresso a Portugal, para a vida que me espera. Hoje, também pela primeira vez, não fui directo ao Vaticano. Costumo ir logo quando chego mas hoje deambulei só por aqui perto, fui até ao Campo

Mais e melhor vida para além desta vida

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Onde e como é o céu são perguntas que, às vezes, nos assaltam. Fazemos do céu a segunda parte deste mundo, julgando que a nossa vida continua tal e qual mas sem problemas, doenças e aborrecimentos. Jesus, no Evangelho deste domingo, fala-nos sobre duas coisas importantes acerca da vida eterna: que existe e que não segue as regras nem os laços deste mundo. A vida eterna é viver livre de todos os laços do corpo, de todas as dificuldades, doenças, sofrimentos, contractos, de tudo para estar livre para Deus. A vida eterna é a plenitude de Deus na nossa vida. Deus será tudo em nós e nós nele. Não acreditar na ressurreição nem na vida eterna é acreditar num Deus de mortos e não num Deus de vivos. Mas o desafio começa já: viver neste mundo como se não fossemos de cá, ou seja, já ressuscitados. Bom domingo!

Oração pintada - uma prenda

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  Uma amiga minha ofereceu-me, ontem, uma oração que tinha escrito há um tempo atrás, mas pintada! Aqui fica como recordação do dia de ontem... um dia que valeu mesmo a pena.

Valer a pena viver

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Em dias importantes na nossa vida (falo pelos meus) quase sem querer entro na roda do valer a pena. Vale a pena viver? Pergunta retórica que até Fernando Pessoa perdeu algum tempo da sua existência a pensar nela para concluir que " tudo vale a pena se a alma não é pequena ". Se não valeu a pena a culpa não é da vida mas sim de quem a vive que a não soube viver. Se vale a pena viver... Por mim falo, embora pudesse citar São Paulo, " tenho o desejo de partir e estar com Cristo, já que isso seria muitíssimo melhor; mas continuar a viver é mais necessário por causa de vós ". Retórica e drama à parte - se a minha mãe me ouvisse dizer isto diria logo: nem os velhos querem morrer quanto mais os novos! - o que é certo é que os anos passam, vive-se muito, umas vezes melhor outras pior, a vida é como uma estrada, onde caminhamos ora sozinhos ora acompanhados, mas sempre com Deus, esse é o desejo. E nesta estrada da vida aparecem os tais dias importantes, como por exemp

Vida desfocada

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No Evangelho deste domingo, o 31º do Tempo Comum, escutaremos um emocionante acontecimento da vida de Jesus. Emocionante pela descrição mas, sobretudo, emocionante pelo que de grande acontece na vida de um pequeno homem: Zaqueu, um homem importante - era cobrador de impostos - por ser pequeno sobe a uma árvore para tentar ver Jesus. No entanto, Jesus, quando passa pela árvore olha para cima, para Zaqueu, chama-o pelo nome e pede-lhe para ficar em casa dele. Um olhar e um pedido transformam a vida deste homem. Já em casa, sem Jesus lhe dizer nada, Zaqueu toma a palavra e compromete-se a mudar de vida: metade da riqueza aos pobres e quatro vezes mais a quem prejudicou. Este evangelho é mais que uma história emocionante. Zaqueu percebeu que, com Jesus na sua casa - entenda-se, na sua vida - as coisas não poderiam continuar na mesma. Conversão não é só passar a ir à missa e fazer a boa acção diária. Conversão é voltar-se para Deus, mudar a sua vida, dar frutos de justiça e de amor.

Árvore morta

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Árvore morta: cidadela derruída. Verde ausente: outra cor não tão garrida. E contudo morrer é só trocar de vida. (A. M. Pires Cabral) (imagem: Paul Cézanne, Castanheiros no Inverno, 1885)

O valor da amizade

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Depois do amor, o mais se deve prezar é a amizade. Aliás, para muitos, a amizade acima de tudo. E para alguns "teóricos" da amizade, ela é uma forma de amor (" A amizade é a forma ética do amor "). Digo muitas vezes que tenho poucos amigos. E digo a verdade, não minto. Não digo com pena, digo com tranquilidade, porque sei que os poucos amigos que tenho são mesmo amigos, os de todas as horas, os que são capazes de se alegrar com as nossas alegrias e abraçar-nos nas lágrimas. Os amigos não têm de dar nem de receber, têm de estar. Não tanto no Facebook mas na vida. Uma vezes apoiam-nos outras confrontam-nos. Podem não gostar do que fazemos ou do que pensamos mas continuam a ser amigos. Por vezes dois amigos são dois teimosos, outras vezes concordam em muito ou pouco, mas um amigo não fica calado, excepto se o silêncio for forma de falar. Umas vezes dão conselhos sem pedirmos e outras pedimos o seu conselho, porque sabemos que ajudarão numa decisão. Para mim, o que m

Que fizemos da oração?

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Na sequência do domingo passado, o evangelho deste domingo volta a falar-nos de oração. E, outra vez, Jesus usa uma parábola - a do fariseu e o cobrador de impostos - para nos ensinar uma atitude que deve ser constante na nossa relação com Deus: a humildade. Esta parábola ensina-nos que devemos rezar a nossa vida, falar com Deus mais sobre aquilo que somos do que sobre aquilo que fazemos. Deus que tudo sabe e vê não precisa que lhe contemos o que andamos a fazer. Nem precisa dos nossos louvores. Deus quer que cada um de nós se dê conta que para nos "ligarmos" a ele temos de assumir que nem tudo está bem, que fazemos e dizemos coisas que nos envergonham e que queremos, com a sua ajuda melhorar. Em que é que tornámos a nossa oração? Dizer orações, cumprir as devoções e os tempos, ou verdadeiro encontro com Aquele que me conhece, ama e é meu amigo e me enche da sua misericórdia? Bom domingo!

Os hábitos

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Passam hoje quinze anos que, em Sevilha, vesti o hábito dominicano. Sem dúvida, a celebração dominicana mais bela e profunda. Exteriormente e interiormente. Exteriormente, bela, porque se muda de roupa, passamos a ser chamados de freis, nos prostramos a pedir misericórdia e somos recebidos na comunidade. Mas interiormente a profundidade do que significa: sermos abraçados pela misericórdia de Deus e da dos irmãos, misericórdia que leva à conversão de outros hábitos, que significa conversão de vida, para termos uma vida nova, branca e preta, não de extremos, mas de verdade e responsabilidade, esclarecida pelo estudo, iluminada pela oração, acompanhada pela comunidade e testemunhada pela pregação. Vestir o hábito dominicano é tomar consciência das renúncias diárias que ele obriga: não querer ser superior a ninguém, por isso é frade, não querer ligar a vaidades, entenda-se as coisas vãs, querer que o corpo dignifique aquilo que o cobre. Nós conhecemos o ditado que diz " o hábito nã

Oração e vida

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No domingo passado o Papa Francisco dizia que, a propósito da fé, “a oração é a respiração da fé e da vida”. No Evangelho deste domingo Jesus irá explicar através de uma parábola que é necessário orar sempre, sem desanimar. Por vezes a nossa oração resume-se à repetição, com mais ou menos distracção, de orações. E, para muitos de nós, ela ainda não faz parte da nossa vida, quer em quantidade quer em qualidade. Fazer da oração encontro com Deus, querido e desejado, acolhimento da sua Palavra para melhor cumprirmos a sua vontade, é perceber que Deus, que nos ama e está atento à nossa vida, enche-a com a sua presença e com os seus dons. Mas a questão continua: como tornar a oração a respiração da fé, da alma e da minha vida?

Fotografias amarelecidas

Transcrevi para este blogue uma pequena reflexão sobre a vida, que foi escrita pela Madre Teresa de Calcutá. Foi-me dado por uma pessoa que está aqui a fazer retiro. Disse-me que já a ajudou em muitas ocasiões da vida dela. "Tem sempre presente que a pele se enruga, o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos... Mas o que é importante não muda; a tua força e convicção não têm idade. O teu espírito é como qualquer teia de aranha. Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida. Atrás de cada conquista vem um novo desafio. Enquanto estejas vivo, sente-te vivo, se sentes saudades do que fazias, volta a fazê-lo. Não vivas de fotografias amarelecidas... Continua, quando todos esperam que desistas. Não deixes que enferruje o ferro que existe em ti. Faz com que em vez de pena, te tenham respeito. Quando não consigas correr, caminha. Quando não conseguires caminhar, usa uma bengala. Mas nunca  te detenhas."

Oração para o início de um retiro

Senhor Jesus, eu te agradeço a possibilidade de fazer uns dias de retiro. Parar, afastar-me da cidade, subir ao monte para rezar entrar na tua casa, oleiro da minha vida, para acolher a tua Palavra e melhor cumprir a tua vontade. No início deste retiro quero entregar-te as minhas preocupações e angústias,  o meu cansaço e os pensamentos apressados; que o cinzento não tolde o céu azul nem a luz da tua claridade. Concede-me o espírito de interioridade, de paz, de oração e de paciência; e o dom da conversão para ser como o barro nas mãos do oleiro, eu, nas tuas mãos, moldado pela fé, pela esperança e pela caridade. Virgem Maria, Senhora do silêncio e da escuta, concede-me nestes dias o dom da contemplação e da alegria para, como tu, em cada dia, ir dizendo a Deus o meu sim. Ámen. (cf. Jeremias 18, 1-6)

Desenho

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A Margarida veio hoje à Missa ao Convento. Pintou-me e ofereceu-me a pintura. Aqui a deixo, com os meus agradecimentos.

O dom da cura

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O Evangelho deste domingo fala-nos da cura que Jesus faz a dez leprosos. Pelo que nos dá a entender, nove eram judeus e um samaritano. Dos dez só um voltou atrás para agradecer a Deus o dom da cura. E esse foi o samaritano, o considerado excluído e herege. Este homem vai ser duplamente curado: da lepra do corpo e da lepra da alma, o pecado: a tua fé te salvou. Muitas vezes só procuramos a cura do corpo ou o milagre das coisas terrenas. Jesus oferece-nos uma outra cura, mais importante e mais profunda: a da alma. Abrir os olhos do coração para a cura que Deus tem para nos dar é o maior milagre que podemos receber. Seremos ingratos para com Deus ao não reconhecermos a verdadeira cura de Deus? Bom domingo!

Jovens sem Deus

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Dias cheios estes, os meus, de trás para a frente, de horários trocados que tanto me moem. Nas idas e voltas tudo acontece: o esperando e o inesperado, o combinado e a surpresa. No meio disto tudo, valem-me as viagens tranquilas. As desta semana, além das voltas do bairro, foram em grande parte de comboio. De comboio para o Porto e de comboio para Cascais, onde tenho ido fazer umas pregações. E, nas viagens calmas, dá para leituras calmas. Li, esta semana, um livro interessante, provocador, talvez até demasiado realista, que aborda um problema muito sério para a Igreja: a difícil relação entre os jovens e a fé. O título do livro já deixa ver a seriedade da problemática: A primeira geração incrédula. Não se trata de atribuir culpas nem desculpas. Mas o autor chega a uma conclusão inquietante: esta geração não é contra Deus mas sim sem Deus. Não adianto mais mas olhem os tipos de jovens que temos nas nossas sociedades europeias: " crentes, crentes não-praticantes, ateus, ateus

A todo o vapor... De regresso

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Já de regresso a Lisboa. Missão comprida. As 4 horas que estive no convento do Porto foram fraternas e saudáveis. Poucas vezes lá estive e nenhuma a demorar. Almocei com a comunidade, com alguns demos o "passeio higiénico" no jardim do convento e falei com os dois candidatos. Como me despachei muito antes da hora do comboio fiz uma boa caminhada do convento à casa da música e fui de metro até à estação de comboios, tendo ainda oportunidade para ir à capela da Senhora da Saúde, onde um dos freis é capelão. E agora lá vou eu na viagem de regresso. Venho feliz a animado. Bendito seja Deus! A fotografia que acompanha estas poucas linhas tirei-a da entrada de uma loja. Foi o que me fez ir ao Porto: Por Vocações. Tem a sua piada...

A todo o vapor

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Hoje esta expressão está desactualizadíssima. Já não há comboios a vapor para podermos usar a expressão. Agora mais depressa se diria vou a todo o Alfa pendular (ainda não temos nem teremos tão depressa o rapidíssimo tgv...). E cá vou eu a caminho do Porto, onde vou passar o dia. Vou para falar com candidatos à Ordem Dominicana. A minha primeira actividade como "formador" e promotor das vocações. ( Convido-o a que visite o site dos dominicanos (dominicanos.com.pt). No link vocações encontrá novos artigos sobre vocações). Lembro-me do Beato Jordão de Saxónia que, como Mestre da Ordem, andava pa ra trás e para a frente e, nas cartas que escrevia a Diana, havia sempre umas linhas referentes aos candidatos que ele admitia: muito bons e aptos para a nossa Ordem. Que ele, patrono das vocações dominicanas, nos inspire, a quem está e a quem bate à porta, para que a vontade de Deus se cumpra em nós. Orate pro nobis.

A medida da fé

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  No próximo domingo o Evangelho vai ser a voz de uma preocupação comum a todos os cristãos: Senhor, aumenta a nossa fé. Muitas pessoas gostam de medir a fé: Eu cá tenho a minha fé, tenho muita fé… quando o Senhor nos diz que bastaríamos ter fé do tamanho de um grão de mostarda para movermos montanhas. Mas estamos errados na perspectiva. Mais do que aumentar a nossa fé deveríamos aprofundar a nossa fé. Uma fé alicerçada em Jesus Cristo, uma fé que se alimenta no Evangelho e uma fé que, obedecendo à voz do Senhor que dá frutos de caridade. Bom domingo!

Voluntariado de São Francisco

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Quando, em Dezembro, estive em Itália, visitei num sábado a magnífica cidade de Florença. Deixei para o fim a visita ao Convento dos Dominicanos em Santa Maria Novella. Quando já me vinha embora, encontrei o sacristão, a quem me apresentei como frade dominicano. Esta minha ida ficou registada neste blogue e também a conversa com o sacristão (3 de Dezembro de 2012). E, antes de me vir embora mandou-me ir à entrada do hospital porque, São Domingos e São Francisco faziam lá voluntariado. Durante o dia de hoje lembrei-me várias vezes disso. Quando fui ao hospital encontrei-me com uma auxiliar de enfermagem. Falámos sobre a vida e sobre o trabalho. E dizia-me: sabe frei, podemos fazer as coisas por obrigação porque ganhamos um ordenado e porque trabalhamos num hopital de ricos. Mas não, também trabalhamos por amor e por respeito áquele ser humano que está numa cama quase imóvel. Eu disse-lhe que hoje era dia de São francisco e que ele dizia que é dando que se recebe. E ela disse, é o q

Lutas de galos em rescaldo de eleições

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Passaram as eleições sem vencedores nem vencidos. Para não ser tão pessimista, as eleições tiveram um vencedor que foi o povo que manifestou o seu descontentamento (curiosamente fiquei este ano muito admirado pelos mais novos que não votam por descontentamento). Mas os partidos são como as lutas de galos: picam-se até ao sangue, depois recompõem-se para voltar a lutar na ronda seguinte. Raramente acabam em cabidela. Os analistas dizem que há derrotas, que há vitórias, que sinais, que há consequências... Os vencedores incham-se e pavoneiam-se, os perdedores desvalorizam a derrota valorizando o acto democrático. Mas quem ganhou ou quem perdeu não foi por mérito próprio: foi porque o povo está descontente. Não é mérito dos candidatos (sobretudo dos grandes candidatos) nem muito menos dos partidos (há pouco por onde escolher). O mérito é do povo e a pena é que o povo só se possa manifestar deste modo: alternando os galos que têm direito ao poleiro por algum tempo. Fraca democracia.  E,

Abismos

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No próximo domingo iremos escutar uma parábola transversal a todos os tempos: o abismo cada vez maior entre ricos e pobres: os ricos cada vez mais ricos ou, em tempos de crise como os que vivemos, um pouco menos ricos e os pobres em tempos de crise e fora dela, cada vez mais pobres. Realidades terrestres que, sendo contraditórias neste mundo, se invertem no dinamismo do Reino. Se neste mundo o abismo entre ricos e pobres é grande ele torna-se intransponível no Reino de Deus: os ricos serão pobres e os pobres ricos, porque deles é o reino dos céus. Comportamentos consequentes é o que Jesus nos pede no dia-a-dia. E dar ouvidos ao Evangelho, que tão claro nos fala. Bom domingo!

Cartas de amizade espiritual

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Estou a terminar a tradução de umas cartas muito especiais e queridas na Ordem Dominicana: as cartas do Beato Jordão de Saxónia com a Beata Diana de Andaló. O cuidado e a preocupação de um pelo outro são sinais do que mais belo pode acontecer entre nós, humanos: a amizade. Ele, como Mestre da Ordem sempre a girar pelos conventos da Ordem e ela, no Mosteiro de Santa Inês de Bolonha, a rezar por ele. Sempre que ele tem tempo escreve-lhe uma carta, sempre com saudades e vontade de se encontrarem. Não temos as de Diana a Jordão; só as de Jordão para Diana. Casualidade ou não, na semana passada enviei uma carta às Monjas de Lamego, elas estavam preocupadas com as decisões do Capítulo Provincial a meu respeito e, como não têm Internet nem conta de e-mail, teve que ser mesmo carta. Livrei-me de escrever à mão, actividade que pratico cada vez menos, excepto nas assinaturas e algumas notas. Caso contrário, tudo no computador. Chegou a resposta. Publico-a aqui, para verem o que é este sentime

Doze dias premonitórios

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Dizem que o tempo dos últimos doze dias do ano são premonitórios para o resto do ano: dia 20 mês de Janeiro, dia 21 mês de Fevereiro, e por aí fora. Mal comparado, estes doze últimos dias têm sido também eles premonitórios. Entre o que tenho de abandonar e o que tenho de assumir, papéis para um lado e caixas para outro, livros emprestados que se acumulam à espera de tempo para serem lidos, adaptações e outras coisas, prevêem bem o que aí vem. Não se assuste o leitor que os meus movimentos serão mais internos que externos. Lisboa continuará a ser o meu areópago embora outras diásporas também farão parte da minha vida. Este intróito é só para explicar a ausência no blogue nos últimos dias. Mas ontem á noite, entre o serão e o sono, li de uma assentada  um pequeno livro que me ofereceram. Chama-se Óscar e a Senhora-Cor-de-Rosa. É a história de um menino de dez anos que tem um cancro e restam-lhe doze dias de vida (daqui os doze dias premonitórios) que os vai aproveirar para escrever ca