O novo e inesperado Papa Francisco

Já temos Papa. O que se passou lá dentro não se sabe excepto se, como agora se veio a descobrir, algum cardeal tenha um diário, e lá aponte tudo o que se passou. Não estou a brincar. Hoje sabe-se o que se passou há oito anos atrás, por causa de uma folha de um diário de um cardeal, que não se sabe quem é, nem se está vivo ou morto... já lá irei.
Recebi a primeira mensagem pela mesma pessoa que, há um mês, me enviava também uma a perguntar se já sabia o que tinha acontecido ao Papa. Perguntei na altura se ele tinha morrido, respondeu-me que não... tinha abdicado.
Mas, voltemos ao Papa e aos diários. Soube-se recentemente por estas tais folhas de um diário que agora foram reveladas, que há oito anos atrás havia dois fortes candidatos nos escrutínios: Ratzinger e Bergoglio... o hoje eleito. Há oito anos, enquanto os números de votos de Ratzinger eram bastantes à partida, mas não aumentavam, os de Bergoglio iam sendo cada vez mais... O seu ar angustiante fez temer o seu grupo pois temia-se que, se fosse eleito, poderia recusar o pontificado. O Espírito Santo faz o que pode, dizemos nós. Mas, palavras mais iluminadas que as nossas são as do então cardeal Ratzinger, questionado sobre este tema: "Eu não diria que o Espírito Santo elege o papa, porque não  toma o controlo da situação, mas actua como um bom mestre, que dá muito espaço, muita liberdade,  sem abandonar-nos". Mais à frente, ainda na mesma entrevista, diz que ao longo da história do papado "houve muitos papas que o Espírito Santo não teria elegido" e, finalmente, explica o sentido do Espírito Santo numa eleição: "Temos que entender o papel do Espírito Santo de uma maneira mais flexível. Ele não dita qual é o candidato que se tem de votar. Provavelmente, a única garantia que oferece é que nós não acabemos por arruinar as coisas totalmente". Citações à parte, há oito anos o Cardeal Bergoglio já tinha votos e poderia ter sido Papa.
Mas, à primeira escaparás e da segunda não passarás. E, contra todas as especulações mediáticas (em relação à Igreja as estatísticas, previsões, sondagens e projecções saem todas erradas, talvez porque nunca contem com o Espírito Santo), os cardeais votaram e, em cinco escrutínios, escolheram aquele que já estava na calha há oito anos. Ora, o Espírito Santo que faz o que pode, desta vez impôs-se. Até a já emblemática gaivota, a grande protagonista da Praça de São Pedro, neste dia, antes de haver Papa, fica para a história: parece que esta gaivota da fotografia ficou toda a tarde em cima da chaminé da capela Sistina até haver fumo branco. Mera coincidência? Sinais de Deus? Talvez uma coisa e outra.
E temos um Papa que aparenta trazer novidade: o primeiro Pap da América latina, o primeiro Jesuíta e o primeiro Francisco.
Eu, pelo que vi, fiquei agradado: Saudou e despediu-se da multidão com naturalidade: Boa tarde, Boa noite, descansem bem, apareceu com a simples veste de Papa, sem capas vermelhas nem estola (que só a pôs para a bênção, tendo-a tirado logo), manteve a sua humilde cruz de bispo, rezou o Pai-nosso e a Avé-Maria, pediu que rezássemos uns pelos outros e, ao dar a bênção, inclinou-se também ele para a receber. Pode ter sido tudo por acaso, ou talvez não. Deus queira que o Papa Francisco limpe a maquilhagem com que às vezes alguns se gostam de se pintar, escondendo o verdadeiro e belo rosto da Igreja: humilde, próxima e atenta aos problemas do mundo.

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