Matrimónio - Sacramento

Segundo tema do CPM: o Matrimónio como Sacramento. Aqui ficam as minhas notas sobre o tema:
Na semana passada falava-se mais da dimensão humana do casamento: uma comunidade de amor. O amor está na base de uma relação a dois. Nesta semana acrescenta-se a dimensão religiosa. Este amor não é só um amor meramente humano, que um sente pelo outro. É perceber que é possível amar o outro à maneira de Jesus.
Esta é a grande diferença entre um contrato e uma aliança (na Bíblia, as relações entre Deus e os humanos são chamadas de alianças. Uma aliança é um juramento que se faz diante de Deus). O nosso Deus não é um Deus de contratos. O contrato não obriga a amar; só obriga a cumpir. Só as alianças podem levar ao amor ("aceito livremente amar"). E porque Deus é amor e quer que nos amemos uns aos outros como Ele nos ama, casar na Igreja é comprometer-se diante de Deus e da Igreja de que queremos amar com essa intensidade de amor com que somos amados por Deus.
São vários os motivos e várias as motivações para casar na Igreja. Todas elas são legítimas. E, se se casa mais por tradição é bom que o casal assuma essa tradição. Não casamos porque toda a gente casa, não casamos porque os nossos pais têm muita ilusão, casamos porque queremos assumir a nossa relação perante Deus, que nos ama e ensina a amar. Por isso, na Igreja, assume-se o que se compromete: amar todos os dias da vida do casal, nos momentos alegres e nos mais tristes, na saúde e nas doenças... com perdão. E assim como, ao longo da minha vida vou sentindo a presença de Deus, também no amor que dou e recebo o vou sentido. Um amor que fortalece, que perdoa e pede perdão.
Casar na Igreja não é para dar sorte. O nosso Deus não é um Deus de sorte ou de azar. Casa-se na Igreja para consagrar o amor humano e elevá-lo à escala divina (ver, por exemplo, o episódio das bodas de Caná: os noivos convidam Jesus para a sua festa de casamento. Quando se esgota o vinho, Jesus faz um milagre: transforma água num vinho de qualidade superior ao que tinha acabado... o amor que vem de Cristo é este vinho de qualidade superior que os noivos experimentam). Quem ama à maneira de Deus, tudo faz por amor. Como diz São Paulo, numa das suas cartas: "O amor é paciente, o amor é prestável, não é invejoso, não é arrogante nem orgulhoso, nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita nem guarda ressentimento. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais passará".
Porque temos uma forte tendência para a individualidade vemos tudo a partir de nós e em nosso proveito ("caso para ser feliz"), é bom ter presente que, quem casa é para fazer o outro feliz. A vida de casados mudará, certamente. E as mudanças não têm que ser forçosamente negativas ("com o casamento abdiquei de certas coisas"). No casamento não se abdica, opta-se. E esta é uma grande diferença. Abdicar de alguma coisa é ter de renunciar a ela, com pena; optar é escolher, preferir, e, no casamento, as opções são sempre assumidas como algo de bom não só para mim ou para o outro mas para os dois, para o casal (não esquecer a passagem do Evangelho em que se diz que os dois passarão a ser uma só carne).
Na Igreja o casamento é sacramento. Um sacramento é um sinal. Antes de mais, sinal da presença do amor de Cristo nas suas vidas. Os casais são chamados a ser, também eles, na Igreja e no mundo (nos seus mundos), um sacramento desse amor. Ou seja, um sinal de que o amor que eles vivem é um amor cristão.
O casamento não acontece só num determinado dia em que foram à Igreja. Aí começa uma vida nova, uma nova descoberta de amar, com Deus, que nos ama e nos quer felizes.

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