Entre gostar e amar

Não conheço literatura sobre o que vou escrever, por isso, o que aqui se disser é o que eu acho, como indica uma das etiquetas deste post.
Perguntas que me assaltam: Gostar ou não das pessoas dependa das pessoas em questão ou depende de nós? Depende das duas partes ou de nenhuma?
Lembro-me que uma vez conversava com um professor de filosofia sobre a amizade e, no final ter-lhe dito que não se podia gostar de toda a gente, ao que ele respondeu: mas pode amar toda a gente. Mais confuso fiquei! Mas hoje compreendo o alcance da resposta deste meu professor, e deste ponto falarei mais para o final.
Há pessoas que acham que estas coisas da amizade ou de gostar ou não de alguém tem a ver com signos e os ascendentes. Não é a primeira vez que, no final de um ou dois encontros com alguém me perguntam qual o meu signo e depois rematam: vamo-nos dar bem, o meu signo dá-se bem com o seu. Fico banzado.
Mas não nego que haja uma “química” entre pessoas. É mais fácil ficar a gostar de algumas pessoas que de outras, algumas delas logo ao fim de cinco ou dez minutos. Deparo-me muitas vezes que no decorrer de uma reunião, por exemplo, é fácil conectar com alguém que partilha o mesmo ponto de vista, ou que vem ter comigo sobre uma questão e de quem passamos a gostar. Mas também há situações contrárias. Assim como há o “amor à primeira vista” também há o “não gostar à primeira vista” ou ao fim de dois ou três minutos. Podem considerar-nos snobs, elitistas ou até com inveja de tal pessoa, mas a verdade é que gostar ou não gostar nem sempre depende de nós.
Mas há milagres. Não os nego e conheço alguns: não gostávamos de uma pessoa porque tínhamos uma má imagem dela, adquirida ou transmitida, e afinal essa pessoa não é nada assim, essa pessoa num outro contexto afinal até é boa pessoa… sei lá, tantas as ocasiões. Às vezes acontece também comigo (não do lado de quem não gosta mas do lado do “quem não é gostado”) Quase sempre, num tom jocoso, acabo por dizer: só não gosta de mim quem não me conhece.
Mas volto agora à frase do meu professor de filosofia: podemos não gostar de toda a gente mas devemos amar toda a gente.
Falamos do amor cristão, claro está, porque estamos a falar de pessoas e não de coisas ou de opiniões. O gosto ou não gosto do Facebook não serve para as pessoas. O verbo é amar; não é tolerar, aturar, aguentar, suportar, mas sim amar. Amar que é não rejeitar, não ficar na ilusão das aparências, aceitar os limites e feitios de cada um, não resistir em avançar. Mas, sobretudo, olhar para além do que se vê, dos rótulos que se puseram, contrariar as fusões e influências da lua e dos signos.
Missão difícil a de amar, mas é o único caminho de santificação, própria e do outro. Eu acho.

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