Feirão ao longe


O final do mês de Julho deixa-me já impaciente em relação a Feirão. Faço sempre esforços por ir quanto antes mas acabo sempre por ter que ir adiando. Esta impaciência justifica-se. Quando era mais novo passava quase dois meses em Feirão: ia com os meus pais em Julho, ficava em Agosto com os meus tios que lá iam passar uns dias e, no final de Agosto, ficava com a minha tia mais nova (mais velha que eu quatro anos), sozinhos, e dávamos conta do recado. Estou a falar dos anos oitenta, eu adolescente. A minha tia cozinhava, íamos os dois às compras a Lamego, de carrinha que na véspera se tinha de reservar lugar, e lá passávamos os dias até à data de regresso, ajustada de acordo com o início das aulas. Teríamos sempre que vir uma semana antes para comprar e forrar os livros e, assim, começar o ano lectivo.
Depois da morte do meu pai mudou o ritmo das férias. Deixei de ir em Julho, e grande parte da família concentra-se em Feirão durante o mês de Agosto. De acordo com os planos de cada um, uns ficam mais tempo que outros e eu, juntamente com uma prima, acabamos por ser os que ficamos mais tempo. Já brincamos quando dizemos que nós abrimos e fechamos a casa de Feirão. Este ano ela vai ganhar-me, porque irá dois dias antes de mim e eu terei de vir um ou dois dias antes dela.
É assim a vida. Mas férias, para uma parte da minha família materna, são em Feirão. Convívio, passeios, fotografias, a repetição de histórias, quase como um ritual, o encontro da família numa casa que se construiu com o suor do trabalho. Aquela é mesmo a nossa casa.
E pronto, cá estou eu, impaciente, a suspirar por Feirão.

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