De cá ou de lá

Cada vez que venho de férias sinto mais forte a divisão que há em mim sobre as questões de pertença.
Ontem, quando estava a entrar no café de Cotelo, a conversa era esta: Já cá está o padre de Feirão. O que estava em frente respondeu: padre de Feirão nada. Ele é metade de lá e metade de cá. E eu continuei: nem de Feirão nem daqui. A ser, sou de Lisboa.
Ora, se há uns anos era notório e sabido que eu pendia muito mais para Feirão, hoje a coisa não é assim tão simples. De facto, tenho tido o esforço de ser metade de lá e metade de cá. Que significa ir quase todos os dias a Cotelo, seja por missa, seja por visita a pessoas e família ou seja só para ir ao café.
No ano passado correu um diz-que-disse que eu andava à procura de casa em Cotelo. Lá vinham algumas pessoas a dizer: Se o senhor padre Filipe vai para Cotelo deixa-nos para trás e não pode ser; não se esqueça que é de cá. E lá dizia eu: Para isso acontecer era preciso haver terreno e dinheiro para construir. Até lá…
Acho piada a este sentido de pertença. E esforço-me para ser metade de lá e metade de cá.

(fotografia: gado de Cotelho a chegar à aldeia)

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