O caminho da vida

Nestes dias tenho vindo a acompanhar um grupo de peregrinos a pé a Fátima.
Um grupo de 50 pessoas, que arduamente vão caminhando etapa em etapa, até chegar às celebrações do 13 de Maio.
Apesar de ser uma pergunta retórica, não a deixo de fazer quando passo por pessoas que vão a pé a caminho de Fátima: que levará estas pessoas a fazer esta caminhada? As motivações, obviamente, são da mais diversa ordem: cumprir uma promessa, ir a acompanhar alguém, pela camaradagem, porque sim... Mas Deus pede isto? Não. Como disse uma senhora: "Não é Deus quem quer, sou eu quem quero. E agora?" Boa resposta. Deus não quer, de facto. Ou melhor, a Deus agradaria bem mais o caminho interior que muitas vezes fica por fazer.
No sábado tivemos a Missa da partida: às 4.30 da manhã. Cada um levava uma flor para colocar aos pés da imagem de Nossa Senhora. Depois da bênção lá foram eles, alegres a caminhar caminhos conhecidos. Ontem fui celebrar Missa com eles às 15h,  já perto de Santarém. Era fim de etapa, que muito jeito lhes deu, para poderem descansar e evitar o cálido sol, que ontem mostrou a sua força. No fim da Missa fui à farmácia comprar-lhes uns pensos para as bolhas e aproveitei para lhes levar também umas caixas de morangos fresquinhos.
Hoje juntei-me a eles às 10.30, para lhes celebrar Missa na Torre do Bispo e depois almoçar com eles em Pernes. À medida que nos aproximamos de Fátima, o carreirinho de pessoas torna-se mais intenso: uma cruz ou um uma imagem de nossa Senhora à frente, muita gente com o terço na mão, vamos apitando e eles vão levantando a mão, como sinal de solidariedade.
A esta hora chegaram já a Alcanena, onde vão poder jantar e descansar. Amanhã cedo parte tudo para Fátima, última etapa, entre vozes de alegria e alguma emoção.
Há já quem faça esta peregrinação há muitos anos. O mais velho deste grupo tem 82 anos. Sempre na linha da frente, com uma cruz ao peito a abrir este caminho de fé. Os que estão a fazer pela primeira vez já começam a dizer que sempre que puderem voltarão a vir.
Estes são os caminhos de Fátima e os caminhos da vida. O esforço não será em vão. Uma vida que não se exponha a esforços e a sacrifícios é uma vida desinteressante. Estes meus amigos prometem que rezarão por mim em Fátima. Agradeço-lhes e digo-lhes que também eu rezarei por eles. Esta é a comunhão de orações.

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