O caminho do céu

Aos santos pertencem os adjectivos mas puros e doces. Há dias, ao ler um artigo sobre São Domingos (que antigamente se celebrava neste dia), o autor dizia que a sua vida se resumia no episódio da venda dos livros: era ele estudante em Palência quando, durante uma crise que empobreceu toda a cidade, São Domingos vai vender os seus livros porque não podia estudar em peles mortas enquanto peles vivas morriam à fome. Este episódio, que talvez tenha passado despercebido durante algumas épocas da história e da espiritualidade dominicanas, agora começa a ter um especial relevo. E, se poderíamos dizer que este episódio da vida de São Domingos é puro, natural e doce, o mesmo se pode dizer de um outro santo, que a Igreja hoje celebra: São João Maria Vianney. Um homem simples e puro, com gestos condizentes à sua vida. Para mim, o encontro com o pequeno pastor à entrada de Ars é o que mais me faz gostar deste santo. Aconteceuhá 200 anos e conto-o pelas minhas palavras. Corria, então, o ano de 1815. João Vianney era ordenado padre no dia 13 de Agosto e a primeira nomeação foi a de coadjutor do padre Balley. Esteve com ele três meses e depois foi nomeado para a aldeia que o santificou: Ars. O vigário geral diz-lhe que ia nomeado para Ars, uma paróquia pequena, onde não há muito amor a Deus. E acrescentou: Deverá levá-lo (o amor de Deus) para lá. Numa madrugada, acompanhado por uma velha senhora e com os seus poucos haveres numa carroça, encaminha-se para Ars. Já a chegar encontra um rapaz, pastor, e pergunta-lhe onde fica Ars. O pobre rapaz lá lhe indica a aldeia e o P. João Maria agradece-lhe dizendo: mostraste-me o caminho para Ars, eu vou mostrar-te o caminho para o céu. Antes de entrar na aldeia ajoelhou-se e chorou e, já na aldeia, entrou na igreja, e entregou a Deus a sua vida e o seu ministério. Mais pureza e simplicidade que esta? Só mesmo na vida dos santos.

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