Apresentação do livro de homilias

Para os que não puderam estar ontem, aqui deixo o que disse na apresentação do livro das homilias do Ano C:
Amigos, voltamos a reunir-nos um ano depois, para a apresentação do meu segundo livro de homilias. Dois de três, se Deus quiser, daqui a um ano aqui estaremos para fechar o ciclo de homilias que tenho vindo a pregar, nos últimos anos, aqui e na igreja do Campo Grande.
Como disse no ano passado, estes livros de homilias não dispensam a ida à Missa nem querem ser uma memória escrita do que se disse em determinado domingo ou festa. Não são para o meu elogio nem para acrescentar ao epitáfio. Aliás, foi na segunda-feira, em Lamego, ao falar com uma senhora, de quem vou ainda falar mais à frente, que dei importância a este tipo de livros. Ela mostrou-me o livro do ano B, marcado no domingo que vem, e disse-me: senhor padre, não falha a leitura do seu livro em cada domingo. À noite, na apresentação, um senhor pediu a palavra para dizer o mesmo: que preparava o domingo a ler a homilia e que gostava porque era simples e profundo.
Meus amigos, quem me conhece sabe que não levo isto como elogios nem me faz achar mais ou melhor que outros padres. Mas fico contente por estas palavras que estão escritas neste livro poderem ajudar a outros na caminhada na fé e na escuta da Palavra que celebramos em cada domingo.
Qual é a novidade deste livro?
São 4. A primeira é o título do livro. Apesar de ser um livro de homilias para o ano C, em que lemos em quase todos os domingos, o evangelho de Lucas, que este ano terá um sabor a misericórdia, pelo jubileu que vamos celebrar, o título foi tirado do Evangelho de João porque no segundo domingo do Tempo Comum, depois de termos celebrado o Natal e o Baptismo de Jesus, escutamos na Missa o primeiro milagre de Jesus, as Bodas de Caná, e esta frase aparece, como sabemos, na boca de Nossa Senhora. Fazei o que ele vos disser. Celebrar a fé em cada domingo é colocarmo-nos à escuta para depois, no dia-a-dia, irmos fazendo o que Jesus nos vai dizendo e inspirando.
A segunda novidade é a do “padrinho” deste livro. O Professor Jorge Miranda, fez-me o favor e deu-me a alegria de fazer o prefácio do livro. Como ele próprio diz no prefácio, está muito ligados aos dominicanos e vem normalmente a esta igreja celebrar a sua fé, aos domingos, na Missa das 12h. Agradeço-lhe uma vez mais, apesar de ter feito já pessoalmente. Ontem, ao ler a homilia que o Papa tinha feito de manhã, lembrei-me dele, a propósito da coerência de vida, que admiro e que vou vendo na sua vida. O Papa dizia que o cristão não pode ter vida dupla: ser muito católico por ir à Missa todos os domingos e depois, tão pouco católico quando se entra nos caminhos do tráfico de influências, subornos e corrupções. Dizia o Papa: “a duplicidade de vida afasta-nos de Deus e destrói a identidade cristã”.
Terceira novidade, este livro que acompanhará o Ano da Misericórdia, é também apresentado no Jubileu dos 800 anos dos dominicanos. Começámos a celebrá-lo no passado dia 7 e irá durar até dia 21 de Janeiro de 2017. Pertencendo à Ordem dos Pregadores, alegro-me, como já disse, em que estas palavras ajudem no caminho da fé.
E quarta novidade é a que vem na última página do livro. Lá diz-se que os direitos de autor reverterão para a Associação João 13.
Fez-me sentido porque a João 13 nasceu da pregação. Foi esta caminhada conjunta, dominical, todos à escuta da Palavra, numa atitude de fé, que levou os fundadores e os voluntários a pôr em prática as exigências do Evangelho, indo ao encontro, acolhendo e servindo os mais pobres da nossa cidade.
Começámos o nosso voluntariado em Outubro, o que fazemos é o que fazemos em nossas casas: acolhemos, damos a possibilidade de pessoas carenciadas, a maior parte pessoas sem-abrigo, de poderem tomar banho e mudar de roupa, e ainda uma refeição completa, à mesa. Agradeço a Deus a inspiração que nos deu e a coragem que nos dá de sairmos do nosso egoísmo, das nossas comodidades, do evangelho teórico e de o praticarmos junto destas pessoas que tanto precisam de confortos materiais e também afectivos.
Para terem uma ideia do nosso trabalho e do que fazemos, gostaria que soubessem que no mês de Outubro assistimos 62 pessoas diferentes, foram tomados 119 banhos e servidos 214 jantares. E já neste mês, vieram ao nosso centro 76 pessoas diferentes, foram tomados 81 banhos e servimos 153 jantares.
Temos muito para dar e esta minha iniciativa é só uma entre outras tantas. Neste mesmo momento, na Avenida da Liberdade está a ser lançado um livro e a autora também quis dar à João 13 os lucros dos livros que se lá venderem.
E vou terminando com agradecimentos e lembrando hoje duas pessoas.
Agradecer à Principia, e em especial ao Henrique, ter aceitado editar estes livros de homilias.
Agradecer ao fr. José Nunes ter aceitado apresentar este livro. Foi meu professor de Teologia Pastoral, foi meu Provincial mas, sobretudo, é meu irmão na Ordem. Diz-se que aos irmãos não se agradece mas eu tenho de fazê-lo porque, como eu, é um frade muito ocupado e sei que esta apresentação lhe tirou algumas horas.
Por fim queria lembrar duas pessoas que nos deixaram recentemente: uma delas é o fr. Xavier, falecido há pouco mais de um mês e a outra é a Ir. Osana, que faleceu na noite passada. Ambos celebravam aqui a sua fé. Foram para mim referências de dedicação e de bondade. Que Deus os tenha e os guarde na sua misericórdia.
Daqui iremos para a sala de conferências do Convento onde poderemos conversar um pouco e estar mais à vontade. Irão ver que estão umas meias de lã à venda. A lã é das zonas de Feirão e a pastora também. Pediu-me ajuda para vender as meias. É pessoa pobre e necessitada. Mas disse-me que o trabalho dela oferecia-o para os meus pobres. Então, estarão lá à venda para pagar o trabalho da senhora e também ajudar a João 13. Deus, que vê no segredo, vos dará a recompensa. Obrigado a todos pela vossa presença e até já.

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