Um lugar de paz


"Ubi Deus ibi pax". Onde está Deus aí está a paz, estava escrito na ombreira de uma porta da pequena vila de Assis. Sim, fui hoje a Assis. De repente, ou não programada, tendo acabado ontem os trabalhos, disse que estava a pensar ir a Assis e dois irmãos quiseram fazer-me companhia e lá fomos os três. Saímos manhã cedo, fomos de comboio e chegámos a meio da manhã. As montanhas de Assis tinham neve. A distância entre a estação de comboios e a cidade antiga pode fazer-se a pé, em tempos de sol. Mas o frio e a chuva, que ameaçava mas não era persistente, fez-nos ir de autocarro. Tudo é bonito e encantador em Assis. A começar pela calma (dizem que nos fins-de-semana e no verão é mais complicado), envolvida pela natureza e peka cidadela antiga, tudo se faz com calma, emoção e devoção. Começámos por ir à basílica de São Francisco, onde ele está sepultado. A intimidade da cripta, onde está o sepulcro do pobre de Assis, faz com que aquele lugar seja mesmo especial. Nessa basílica tudo é Giotto: desde as cenas da vida de Cristo até às da vida de São Francisco. De uma beleza rara, este lugar é mais de peregrinação que turístico. Dali percorremos algumas ruas da vila (já começam a fazer o presépio) fomos tentar entrar em Santa Clara mas estava fechada para o almoço. Almoçámos num sítio perto e às 14h lá estávamos à porta de Santa Clara para entrar. Outro lugar de piedade e de paz. Repara a minha Igreja que está em ruínas". Um pequeno momento para rezar as nossas orações e a de São Francisco, que lá está, em português, e reza assim: "Ó glorioso Deus Altíssimo, iluminai as trevas do meu coração. Concedei-me uma fé verdadeira, uma esperança firme, um amor perfeito e uma humildade profunda. Dai-me, Senhor, o recto sentir e conhecimento, para que possa cumprir o sagrado encargo que na verdade acabais de me dar. Amen". 
Este crucifixo estava em São Damião mas, com a vinda das monjas para este lugar, trouxeram-no com elas. Depois, ao lugar dos lugares, onde tudo começou e acabou na vida de São Francisco: o convento de São Damião. Tem que se sair da cidade e ir a pé, por um caminho de oliveiras, sempre a descer, até chegarmos àquele lugar tão simples e tão humilde, tão próprio de pobres e de santos. Cumpre-se a rota, desde a igreja, passando pelos lugares de Santa Clara, saindo ao claustro, passando no refeitório das monjas e, depois, indo pelo jardim, encontrarmo-nos com um são Francisco de bronze, sentado no chão e a contemplar a natureza. Uma placa diz que foi ali que escreveu o cântico das criaturas. Dali, voltar a subir até à paragem do autocarro e voltar à cidade nova, onde está a grande igreja de Santa Maria dos Anjos e, dentro dela, a pequena Porciuncula, o lugar onde a tradição diz que São Francisco morreu. Dali, regresso á estação para apanhar o comboio e regressar a Roma.
É o mosteiro das monjas clarissas. Ali está o corpo de Santa Clara e o verdadeiro Crucifixo de São Damião, o que que falou a São Francisco e lhe disse: "
Mas ainda houve tempo para ir à oração da Comunidade de Santo Egídio. Não há vez que não me emocione. Hoje, oração junto à cruz do Senhor. Meia hora de oração, cantada, simples e profunda.
E assim foi o dia de Assis, com Deus e com os santos, em paz.

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