As memórias

Hoje foi dia de visita. Ao convento - é um complexo enorme, com futuro e atraente - e também ao centro da cidade de Luanda. O caminho até ao centro é rápido, apesar do muito trânsito e das conduções não tão certinhas como estamos habituados. As pessoas passam pelo meio dos carros, os carros viram e andam de um lado para o outro com alguma, depressa se passa de uma estrada de alcatrão para uma de terra batida cheia de buracos... sempre vendedores e vendedoras, desde frutas a plásticos, rádios... até um, no meio da estrada, a vender ténis. A crise, aqui, já chegou e já faz os seus efeitos. E lá chegamos ao centro. Juntamente com dois freis, fomos visitar a Fortaleza de São Miguel. A Fortaleza é agora o Museu Nacional da História Militar. Desde o século XVI até ao presente, a cobiça pelas terras de Luanda, antigamente pertencente ao Reino do Congo. A história é o que é, não se pode apagar nem distorcer, as memórias ficam, cada vez menos dolorosas como terão sido as daquela família que poderão ter assistido à decapitação de um familiar por tropas portuguesas. Um dos freis ia comentando: armas tão grandes para matar pessoas tão pequenas.... A fotografia que coloco é uma das vistas da Fortaleza sobre a Baía. Não é das mais bonitas mas mostra os grandes contrastes de Luanda.Ao lado de prédio grandiosos, este aglomerado de casas que agora começaram a demolir...
Da Fortaleza demos uma volta pela Baía de Luanda. Lugar aprazível, sobretudo com o calor que hoje fazia. Gente na praia, uns na água outros na areia. De lá fomos visitar a paróquia dos Remédios que foi a primeira Sé de Luanda (até 1986), ano em que passou para a nova Sé, agora ao lado do palácio presidencial. A igreja dos Remédios foi-nos entregue há dois ou três anos. Fica no centro, bem perto da praia. De lá fomos para a Sé Nova, com passagem pela porta da misericórdia. A igreja foi a do colégio dos Jesuítas, fica na Cidade Alta, que como disse, está colada ao palácio presidencial. De lá fomos para a Paróquia do Carmo, também nossa, por enquanto, onde estava programada a Missa por mim presidida. Fui bem acolhido, a Missa foi cantada por umas irmãs de São José de Cluny, nunca menos de 40 minutos, disse-me o acólito.  Chegou aos 50, coisa impensável em Lisboa. Impressionam as vozes que colocam nos cânticos. É-lhes quase natural. E batem palmas, suavemente, que se torna num misto de marcar compasso com a ideia de dar passos.Quando há silêncios de passagens, fica o som suave das palmas a marcar a cadência. Depois da Missa, regresso a casa, com jantar atrasado para quase todos, porque todos vinhamos do Carmo. Amanhã participo no encontro de religiosos. Pode ser que encontre alguém conhecido. Como vamos para o centro e, para não apanhar trânsito,.. saída às 6 da manhã!

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