Terreno, semente e semeador

No Evangelho deste 15º Domingo do Tempo Comum escutaremos a muito conhecida e explicada parábola do semeador. O que para nós hoje é fácil de entender foi, no tempo de Jesus, mais incompreensível a ponto de Jesus lhes ter de explicar a parábola. Os pregadores têm que ter imaginação para não repetir o evangelho, para não serem aborrecidos e para que a semente seja hoje lançada nos corações dos que escutam a Palavra de Deus e a querem por em prática.
Um dos pregadores bem imaginativos e concretos foi o P. António Vieira. Para quem tiver tempo e gosto de leitura pode hoje entreter-se espiritualmente com a leitura do sermão da Sexagésima. Eu só irei deixar aqui um parágrafo que achei curioso:
"Começou ele a semear (diz Cristo), mas com pouca ventura. “Uma parte do trigo caiu entre espinhos, e afogaram-no os espinhos”. “Outra parte caiu sobre pedras, e secou-se nas pedras por falta de humidade”. “Outra parte caiu no caminho, e pisaram-no os homens e comeram-no as aves”. Ora vede como todas as criaturas do Mundo se armaram contra esta sementeira. Todas as criaturas quantas há no Mundo se reduzem a quatro géneros: criaturas racionais, como os homens; criaturas sensitivas, como os animais; criaturas vegetativas, como as plantas; criaturas insensíveis, como as pedras; e não há mais. Faltou alguma destas que se não armasse contra o semeador? Nenhuma. A natureza insensível o perseguiu nas pedras, a vegetativa nos espinhos, a sensitiva nas aves, a racional nos homens. E notai a desgraça do trigo, que onde só podia esperar razão, ali achou maior agravo. As pedras secaram-no, os espinhos afogaram-no, as aves comeram-no; e os homens? Pisaram-no."

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