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A mostrar mensagens de setembro, 2017

Os bons não morrem

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Morreu mais uma pessoa boa. Esta pessoa, que eu hoje quero lembrar é D. Manuel Martins, primeiro bispo da diocese de Setúbal. Na minha vida cruzei-me duas com ele, em momentos circunstanciais, o que não deu para ele se lembrar de mim mas de eu me lembrar dele. Como Bispo de Setúbal foi duplamente incompreendido: de uma parte algumas correntes políticas que o apelidaram de "bispo vermelho", e também pela própria Igreja, a hierárquica, que achava que ele defendia demasiado os pobres e os trabalhadores, naqueles tempos quentes e problemáticos da outra margem. Mas o tempo, que tudo cura e reabilita, fez deste homem uma voz libertadora e ousada, sem medo dos "castigos" e represálias que pudessem vir contra ele. Como crente, como bispo, não ficou nas teorias do púlpito ou da Cátedra, não se limitou a dizer que era preciso ajudar os pobres e marginalizados, os desempregados e explorados. D. Manuel dizia e fazia. Era exemplo e dava exemplo. E assim conquistou não só

Erguer o trigo

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Ia eu a caminho de Lamego, onde estive nos últimos dias, quando no Mezio vi uma coisa que há décadas não via, e que só as mulheres faziam que era "erguer o trigo". Esta expressão era dita pelas mulheres quando iam purificar os grãos de centeio ou de trigo. A técnica não podia ser mais simples e prática: num dia de vento brando, estendia-se no chão uma manta e a mulher pegava numa bacia com os grãos de trigo que tinha malhado e erguia-o mais alto que a cabeça e deixava ir caindo os grãos enquanto o vento se encarregava de levar com ele as praganas e outras impurezas leves. Como dizia, ha pelo menos mais de 20 anos que não via nenhuma mulher fazer este trabalho tão puxado e tão elegante. Mas, desta vez, apesar da técnica ser a mesma daqueles tempos, alguma coisa mudou: a senhora estava em cima do telhado plano da casa e o marido ajudava-a, ao seu lado. E ficou-me esta imagem, não sabendo eu quando é que volto a ver, se é que voltarei ver, mas deu para voltar atrás e mata

Paciência e oração

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Paciência não é a minha maior virtude. Há o ditado que diz que quem espera sempre alcança, mas não me serve. Mais bem me serviria o "quem espera desespera". Mas a vida é feita de trabalho: manual, mental e também interior. Ir-se conquistando aos poucos, ter paciência com os outros (há até uma obra de misericórdia espiritual que nos pede que soframos com paciência as fraquezas do nosso próximo!), esperar para alcançar mesmo que não seja no tempo por nós estabelecido. Quando há um ano me pediram para ser Mestre dos noviços, as pessoas mais ligadas a mim e outras do âmbito religioso/eclesiástico diziam-me: tenha paciência... Certamente que não era a paciência de ter que aceitar mas sim a paciência de levar a bom termo o que nos pedem. E ao longo do ano era o que me diziam: tenha paciência. Ao que parece, este pedido vai prolongar-se nos anos. Mas agora o discurso mudou: as pessoas dizem "vou rezar por si". Estranho. Em vez de me apoiarem na paciência que bem fal